Friday, December 29, 2006

só e cansado de mim

.


férias + tédio + noite de sexta-feira = manda armando mandar amanda mandar bem no mandarim.


trava-lingua
trava a porta
estou ficando louco
não me deixe sair...







quero sair daqui
quero conversar
sorrir, ouvir dizer
que isso vai passar
permanecerei funcionando
em modo stand-by
só pra o caso da solidão
resolver dizer bye-bye
permanecerei vivendo
em perfeito estado
de conservação
conversação em falta
uma falta danada que faz
um pouco de vida
em meio a minha paz


Vitório Vilas

confessa pra ti

.


ah, diz, vai
diz pra mim
cá entre nós
estamos a sós
prometo
que nem te escuto
cometo
crimes absurdos
e só conto pra você
que me lê nas entrelinhas
então me conta, vai
o pior dos teus segredos
quem não sabem nem teus pais
diz baixinho
sussurra
sem medo da surra
do carão ou da vergonha
verdade medonha
quero ouvir de você
não quer dizer
então pensa
lembra dela sem querer
quero ver
vai
agora
não demora
isso...







e nem foi tão ruim assim
saber de tais lembranças
de lambanças
de tristes danças
ou corações partidos
o que foi dito, digo
não volta mais
mas tudo é paz
agora tudo é paz...



Vitório Vilas

tributo ao perdedor cuja vida continua...

.


como assim "não deu"?
perdeu, morreu
se escafedeu
fodeu...
deu a louca, foi?
pois levante e ande
adiante-se
adianta nada lamentar
chore apenas uma lágrima
uma lástima e nada mais
paz, rapaz
seja sério
novos deletérios virão
erga nunca, porém, a mão
saiba sempre de antemão
escute a voz do coração
dê ouvidos a razão
some os dois
nunca deixe pra depois
seja sagaz
dê todo o gás
extrapole
não amole
respire fundo
pare agora; um segundo


hora de recomeçar
amor e fé nas ações
sempre.


Vitório Vilas

Wednesday, December 27, 2006

up up and away*

.


se o ar tá rarefeito
feito raro de ser ver
tenta, em vão
encher o peito
o que não é direito
é esmaecer assim...

se o mar não tá pra peixe
balança a rede
tenta o gol
se está contra a parede
vê se a tinta não acabou
rabisca um rabisco
arrisca um risco
tenta; muda o disco
já que essa tu não
sabe dançar...

só não vale, meu caro
desanimar...
se não tem sol
tem dó
toca lá
não é de primeira
vai de ré
vai com fé
e amor nas ações
sempre.


Vitório Vilas





*boto fé em você
me diz de onde vem
up up and away
e o que quer dizer...

só não vale desistir.
google tá aí pra isso...
(=

Tuesday, December 19, 2006

com fiança ou sem fiança... nós, não mais.

.


vez por outra roubam de nós
uns nós raros, difíceis de se dar
e dá um nó na cabeça da gente
que pensa poder confiar
em quem já errou uma vez
perdoar de novo é seguro?
amizade é como nó cego
mas não há um nó burro...

ah, certos laços
após quebrados
não voltam a atar
volta pra casa, colega
daqui tu não passa
aqui tu já era

Thursday, December 14, 2006

infeliz na tal da época natalina

.


"feliz natal" é o kct
eu acho que já peguei o macete
papai noel não sobrevoa a áfrica...
será que é tática
ou piada de mal gosto
papai noel escroto
miserável dos infernos
chegou de helicóptero no shopping
dia desses
desceu sorridente
uns "CABUNS" estridentes
foram ouvidos a milhas e milhas
milharais virarão pipoca
mas você, amigo, não se toca
papai noel na verdade
vive aqui, aí, no campo, na cidade
papai noel tá nem aí
papai noel vez por outra tá
papai noel mora em casa
o gordinho frequenta spa
papai noel existe, é fato
"papai no é o caralho"
papai noel é você


Vitório Vilas

Tuesday, December 12, 2006

piada de mau gosto

.


ontem tentei compor uma música
totalmente de minha autoria
seria ela a alegria
de meu fim de tarde
ah, mas que desastre
compus letra, bonitinha
ritmada
mas quando me pus a tocar
no violão... ah, que piada
de mau gosto, é bem verdade
pois eu não ri nem um pouco
quase fiquei louco
é que meu pensamento
é bem mais sagaz
que minhas
mãos...

mas caso você, colega
deseje cantar minha letra
respira fundo e não ofega
pega logo a partitu... ou melhor
a escritura
vai de mi menor
e sem dó
canta...







la la la la la ia
la la la la la ia
la ia la ia la la
ia ia ia ia ia la

quem ri por último
certamente ri melhor
bota fé?

Vitório Vilas

Tuesday, December 05, 2006

Carta de um amigo para Vitório

.


se meus versos tivessem o compromisso
de retratar o modorrendo luto
de uma terça-feira
dhuvosa e fria,
eu tenho lá minhas dúvidas
se mesmo assim os faria...
será que adiantar iria
falar em prosa
e escrever em poesia
se nas minhas palavras
não se visse alegria...

é verdade
chove muito lá fora!
não aqui; lá fora!
mas dentro de casa
o poeta chora...
e chora; e chora
e magoa a mente
lê Camões e fica descontente
escreve lamúrias
e amarga o coração da gente...

alegria, amigo; alegria!
sorria, sorria e curta o dia
e todos estão bem também
carpe diem...


Teobaldo Faruque

Monday, December 04, 2006

monólogo entre eu em mim

.


do que nunca aconteceu
levo lembranças vivas
de partir o coração

do que não aconteceu
trago experiência sucinta
invalidada pelo ato da razão

do que não aconteceu
lembro apenas quem me viu
quem me sorriu viu triste
fim...
de um momento que nunca foi
assim...

ah, do momento que não aconteceu
perpasso um breu
que habita palavras entre um fauno
e um orfeu
ah, espelho, espelho meu
existe alguém mais bêbado
e largado do que eu?


Vitório Vilas

Sunday, December 03, 2006

in... putz & out... putz

.


eu gosto mesmo é da prénetração
mais até que a própria propriamente dita
não que não goste da dita cuja
mas é que... sei lá
lá mesmo só quando dá
ou melhor, não dá mais...
bate aquela vontade
de não bater nada mais
que eu em tu
tu em mim
assado, assim...
de lado, enfim...
até o fim
e depois de novo
rima com ovo
o estojo de maquiagem...
sua arte foi-se pelo ralo
a foice cortou
o coice estourou
no peito, o orgasmo...
fiquei pasmo
com tua vontade de um pouco mais...
fique a vontade
apesar de tarde
meu mastro do teu navio
já viu falhar na hora H
ou depois da hora
não demora, vem cá...
mas sem prénetração dessa vez
que amanhã, meu bem, acordo às seis.


Vitório Vilas

Tuesday, November 28, 2006

né o logismo da coisa?

escrever bem, seria
como diria alguém
observar a pacóbviedade
das coisas
e aguardar óncioso
por coisas que outrora
outrem...

e que fiquem as idéias que valem
níqueis
e níqueis de mais nínqueins.
cem sentidos
tem tanto sentido
que acaba sem.


Vitório Vilas

"próximo"

.


ah, filas das putas
já não as agüento mais
tantas vezes estas formentam
disputas
mais parecem verdadeiros bacanais
mal educados, mais educados
na frente, no meio, atrás
são todos iguais
são todas iguais...
sacais, um saco
seja no supermercado
na xerox ou no restaurante...
ah, essa entidade tão presente
na vida de um estudante
quase nunca revela beleza...
mas de repente
num gesto de gentileza
a fila da puta
cede, enfim
e uma conversa, um sorriso
ou algo assim
cessa a disputa
mas sempre, sempre haverá
começo...
...meio...
... e fim. e fim. e fim...
ai de mim...


Vitório Vilas

meia culpa, toda tua

.


uma face estúpida tua
me foi mostrada
tua mente
teu ventre
tua rua toda já sabe
nem tente esconder de si
toda essa verdade
ah, e foi só por vaidade
"te dói se menti?"
"te irrita se fugi?"
"que te importa tudo isso?
te mostro a porta da rua
ou te dou um sumiço"
que é isso, amigo
de mim não emana
perigo
mas pedir agora por abrigo
é abusar...
usa agora desta tua energia
alegria e virtude
estude a melhor maneira
de sair dessa
não perca tempo com
promessas
a remessa de bons resultados
foi enviada há muito pra o fim
esqueça esse jogo de dados
não seja mais assim... você pode
só que agora, desculpe, sem mim


Vitório Vilas
17.11.06

?

.


de que vale um coração
descompassado
de que adianta um cérebro
se o mesmo é tão desmiolado
de que adianta a mão
que não se atreve a jogar
o dado
prefere passar o resto
da vida de mãos dadas
com nada demais...
de que serve tanta paz
se não é capaz
de lutar pelo que é certo
de que adianta ver o mundo
tão de perto
se o faz pela TV
de que adianta crer
e pedir o tempo todo
por mais tempo
de que adianta um contratempo
se quem faz, rapaz, não é você
de que adianta...
pra que serve...
o que fazer com essa tal
de vida
divida.


Vitório Vilas
17.11.06

Thursday, November 23, 2006

Homonímia

.


Ah, o selo...
Sê-lo deve ser uma viagem só.


Vitório Vilas

Wednesday, November 22, 2006

furto cotidiano

.


minha vida é tão cotidiana
que por muitas vezes
amo quando posso me ausentar
dela
mesmo que não mais de
quatro horas
sem mais demora
me mando embora
para um mundo
hora belo, hora imundo
onde recortes
da minha morte cotidiana
são exibidos sem cortes
de forma leviana
mostrando como pano de fundo
lembranças que roubam a cena
que pena
da bela pena do pavão
do choro do Leão
da bela praia paradisíaca
que alivia a lembrança
do dia
da voz do vento
da distorção do tempo
do silêncio, da paz
afogamentos
um dia desses pude voar...
roubam a cena do ar
tiram do ar o sonho.


Vitório Vilas

Wednesday, November 15, 2006

"não existe mulher feia. foi você que não bebeu demais."

.


te amo e te aprecio
sem moderação
me embebedo de ti
com paixão
te bebo na boca
até a última gota
cê veja que quero
contato direto
com teus fungos
que fermentam
formentam
comentam sobre
meu estado
de embriaguês
acho que já
virei freguês
do teu bar
de mesa em cama
casa, comida
roupa lavada
não são nada
perto de tanto
sexo, amor e leveza
que se sente ao sentar
à mesa e beber de ti



Vitório Vilas

problemas?

.


quem é que tem problemas, na verdade?
o moço que perdeu a avó
a garota que hoje em dia
vive só
o casal que, novo na cidade
não conhece ninguém
e ninguém os reconhece mais
como os outros que ainda são casais
quem é que tem problemas, na verdade?
o oriente médio, que precisa de paz
ou a classe média, que perde seu poder de compra
com o passar dos natais
seria eu, que já não sou capaz
de me reconhecer como pleno
já não mais sereno
demoro a perceber que problemas mesmo
não são os meus
os seus? me interessa mais
resolver os que não tenho...
mas que ainda assim me aflingem a alma
me roubam a calma
me levam embora
tudo aquilo que comemora algo
em mim
sendo assim
quem é que tem problemas, afinal?


Vitório Vilas

Thursday, November 09, 2006

10 minutos do seu tempo.

.


é tudo que peço.
obrigado.

mas não vá perder
o bonde
diga ao conde
que ele vai se locomover
sempre à sua velocidade

nessa cidade em que vivemos
eu digo pra que mora aqui
assim sempre seremos
mas somente aqui
em casa... nossa casa

mas não gastarei mais seu tempo
que pedi emprestado por 10 minutos
seja rápido ou lento
por consideração ou passatempo
vá lá
leia.


obrigado.

Wednesday, November 08, 2006

.


o ânus é
o ônus da prova
cabe a ti, então
dá-lo pra mim
a fim
de que se prove
do ãnus
do ônus
e do crime
imagine...
prometo entrar
de cabeça primeiro
e só depois me enfiar
por inteiro
nessa investigação
sem julgamento
mas com veredito
é já gula ação
cu
ja
veracidade
dar-se-a
assim que o martelo
acabar de bater
de comer
teu cu


Vitório Vilas

D x em qdo

.


meu devezemquando
não tem quando certo
pra ser
sempre espera sua vez
pra acontecer
numa fila da puta
mas permanece na luta
só desiste mesmo
de vez em quando

de vez em quando
eu bebo
de vez em quando
eu cedo (tarde, é verdade)
de vez em quando
eu grito
de vez em quando
me omito
de vez em quando
eu sinto que
de vez em quando
eu falo
eu calo
demais
mas de vez em quando
bem de vez em quando mesmo
paz


Vitório Vilas

Monday, November 06, 2006

e-lha (eletrônica ilha)

.


Já é noite. Todos se encontram sentados da maneira mais confortável que lhes é possível. Todos, alimentados na proporção da grandeza de seus jantares, unem-se agora, cada um isolada e anonimamente, conectado pelo príncipe eletrônico e sua mensagens informativas, recreativas, destrutivas, abusivas ou comerciais. Seja qual for o assunto, todos compartilham desse agora eletrônico, hora cômico, hora trágico, fatídico ou fático, o fato é que não há uma multidão, por mais solitária que seja, que escape desse momento tão singelo. Não há discussões, tensões, transformações coletivas, porém há as coletivizantes; aquelas que atingem o todo, individualmente, sem que seja percebido por cada um. A indústria da manipulação da convivência mascara a solidão dos indivíduos com a solidariedade de um Criança Esperança, um Teletom. Doa-se para quem nunca se viu. Não seria essa nada mais nada menos que a essência da solidariedade? Ledo engano, pois doa-se o que? Tempo é dinheiro, mas o contrário, nesse caso, não pode ser dito. Esmola on-line, ao alcance de um digitar de números. Através do príncipe eletrônico, cria-se a falsa idéia de participação e integração, quando na verdade cada um é íntegro em si mesmo e só.


Vitório Vilas

Saturday, November 04, 2006

casa, comida e roupa lavada

.


-meu amor, já não te ensinaram
que eu tenho sempre razão?
-sim, senhor, mas é que aqui
se come mesmo é com a mão
-mas eu quero garfo e faca,
minha filha, e quero agora
-se o senhor gritar assim
terei mesmo é de ir embora
-ô, meu bem, faça isso comigo
não, desculpe
-meu senhor, não se culpe
mas me compreenda
nessa estória de "calcinha de renda"
há quem tente comer com colher de pau
-mas faz mal? minha colher é tão limpa
-ah, faz sim. e não me tome
por um ser deveras drástico
mas só comeras aqui
se com colher de plástico
-então tá
-pois venha cá
-já fui
-ui
-foi com força?
-foi não. é que minha
carne ainda é meio moça
-e tão macia...
-vejo que o senhor aprecia
-mas se não!
-então vem, começa pelo pão
penetra com teus dentes
com movimentos intermitentes
penetra com tua colher
de plástico
vê como é elástico
esse miolo de carne
-ah, como é verdade
-então vem, ejacula
em mim tua saliva
enfia, tira, remexe
e mexe tua colher
me faz me sentir
mulher
me faz me sentir
comida
-ah, querida...
satisfeito?
-tenha certeza. mas ainda te como
a sobremesa


Vitório Vilas

Friday, November 03, 2006

Náutco 5 x 1 São Raimundo

.


poesia mesmo, de verdade
foi ver o melhor time da cidade
e sua torcida majestosa
fervorosa, querendo vitória
e vitório lá no meio
cheio de cerveja, cê veja com'é.
hehehehe
acertou bem em cheio
um amigo que disse
"5x1, visse?"
estava tão certo
que nem liguei
quando vi, de perto
meu timbu levar aquele gol
que que tem?
semana que vem tem mais
continua acertando assim, meu rapaz
que eu quero ver a alma alvirrubra
levantando as mãos
e "ôla", é "olé"
mostrando como é
que se torce
durante noventa minutos
sem parar... sequer um segundo


Vitório Vilas

Tuesday, October 31, 2006

rotinus fins relacionamentus

.


andei brigando com quem não devia
ê, agonia... falei besteira
ando vivendo como se numa esteira
vivo, vivo
mas morro sempre no mesmo lugar
ultimamente ando
beirando a loucura
beijando
sem muita ternura
encarando
outras faces que não
uma de suas mil
puta que pariu...
mal bem falei o que não devia
e a alegria de dizer à vontade
só por maldade
anuncia o que na verdade
eu não queria sentir...
e agora? ai de mim.


Vitório Vilas

Monday, October 30, 2006

o que sou... que seja.

.


sou inimigo do ritmo
e da rima
não componho, nem almejo
obra prima, irmã, amiga
consiga apenas entender-me
esse, sim, é meu desejo
divirta-se me lendo
ou não
queira repartir comigo
seu pão
ou seu pé em minha cara
se seu desejo for
mas não me espere compor
seja lá o que for
desde que por normas
regrado
escrevo mesmo é regado
a cerveja, cê veja com'é...
sempre sem fé
no alarido
com muita música no pé
do ouvido...
fumo vinho vez por outra
a cabeça louca
e a consciência quase pouca
escrevo quase sempre o que vejo
nem sempre o que sinto
vez por outra o que minto
de repente o que desejo
vai saber...
mas enfim,
ainda vai me ler?
então puxa o banco
só não puxa o saco
tô de saco cheio já
de tanto blah blah blah
mas se de repente tu me gosta
não duvida, bate aposta
posta um post e me diz
me faz feliz
tá?


Vitório Vilas

Sunday, October 29, 2006

ontem ele... hoje só... amanhã, quem sabe, ela.

.


ontem ela se dançava em sua cozinha
mas hoje ela afasta a cadeira pra
seu filho passar
ontem ela quase passava pelo fogo
sem se queimar
mas hoje ela só cozinha
com fogo baixo
que é pra comida
não queimar
ontem era biquini
hoje, vez por outra maiô
em maio, que é quando não chove
ou será que chove... sabe lá
faz tanto tempo
e tempo agora ela nem tem
pra ficar de flozô
saturou desse agora
lembra ontem
como se fosse hoje
e tenta viver hoje
como se fosse ontem
mas não dá
não mais...


Vitório Vilas

Wednesday, October 25, 2006

depois da meia-noite tudo sara...

.


00h19. mania feia essa minha de achar
que todo mundo é insone
00h20. toca o telefone
um amigo me chama pra comprar vinho
00h25. roupa no corpo
seguimos nosso caminho
sozinhos... a noite inteira pela frente
o carro na rua faz que vai mas mente
e acaba indo de repente
pra trás... mais nunca pra frente
os atos todos inconsequentes
isso há 1h
quando sem demora a gente chegou
no lugar lá
onde o vinho sempre está
e tomou um porre
e depois dois
e depois
foi comédia
fizeram as médias
soltaram as rédeas
e relaxaram...
mas aí os donos chamaram
e acabou-se o que era doce
ah, eu queria ser rico
por um dia apenas
porque ser todo dia é foda (piada antiga)




ahh... 02h51. fim.


Vitório Vilas, ainda às 2h51.

conversa rápida

.


(tão rápida quanto o piscar dos olhos que conversaram)


hoje ela penetrou minhas lentes
minha retina
desatina toda minha paz
e lá bem dentro de mim
disse assim
"eu sei"
mas eu neguei
expulsei de mim
a fim de poder encará-la
um dia novamente
"será que mente?"
pensei eu
"será que sabe?"
"sabe que não sei"
mas nem perguntei
perigosa demais
essa brincadeira
com a janela da alma...


Vitório Vilas

Tuesday, October 24, 2006

"são olhos iguais aos seus"

.


ah, guria
tu deveria piscar nunca
imagina que, ao piscar
tu acaba por privar
o mundo
mesmo que por um
milésimo de segundo
de beleza e perfeição
em dobro
tenha a certeza
de que fico aqui, bobo
louco quando tu olha
pra mim
imagina então
como sofro
quando tu vai
embora dormir...


Vitório Vilas

Monday, October 23, 2006

e-mail... e-nteiro... e-real... e-agora?

.


o que há de ser
dessa vez...
será não
foi mal
etc e coisa
e tal

por que?
pelo simples prazer
de ser
do contra.

algo contra?
reclamações
ou
sugestões
devem ser enviadas
por e-mail

e-mail que leio... pela metade
na má vontade
e-mail que sou
e meio... que seja.


Vitório Vilas

Sunday, October 22, 2006

de 8 a 80, aumento, mas não invento, a dor

.


ah, eu bem sei porque assim me sinto
mas minto tão bem que quase acredito
não saber de nada sobre porque me sinto assim
é mais ou menos como disse um poeta aí
e, vejam bem, eu disse "mais ou menos assim"

o poeta é um fingidor
finge dor tão bem
que acaba por sentí-la
de fato

não é bem que eu finja
nunca fui assim tão... ninja
é que quando pra escrever sento
eu aumento, amigo, mas não invento

opa, parece que já ouvi isso antes também
se não me engano, foi de um tal que não merece
a fama que tem
pelo menos é o que dizem os ditos intelectuais
com suas conjecturas acerca de temas tão atuais
discorrem sobre o fútil
escolhem o que acham útil
escorrem suas asneiras
enquanto varrem a poeira
pra debaixo do tapete

ah, cacete
não é assim que a banda toca
e nem era sobre isso que eu queria falar
estava falando mesmo era do que sinto
quando minto não saber porque me encontro
a chorar...

quer saber? senta e liga a TV
eu não valho a pena
acena pra mim apenas
nem precisa fazer cena
eu sou um fingidor, afinal
e você vai perder a última cena
da novela que está no final


Vitório Vilas

1.6km

.


ê, milha
longe que só
que quase humilha
ê, milha
dá pra percorrer?
será que raciocina
quem possa ser
a milha
sina e sal
ê, milha...


Vitório Vilas

Friday, October 20, 2006

ah, rapaz. eu quero paz...

.


ah, rapaz
eu moro aqui não
mas sagaz
que só um cão
conheço o caminho
de volta
já não saio sozinho
o que revolta
quem fica pra trás
ah, rapaz
traz logo esse vinho
não se demora
já é mais que hora
demonstra carinho
mas não por qualquer
carinha
que te chamar de mulher
tu é minha
só minha
e não de quem tu quiser
ah, rapaz
por que tu é assim, hein?


Vitório Vilas

Thursday, October 19, 2006

ê lê lê

.


frustração do caralho mesmo...
como quando vem dominó
pra quem queria baralho
acha o pó do nescau
na lata, mas todo molhado
o leite
qualhado
o pensamento
alado...
frustração do caralho mesmo...
como quando o desejo
acaba na mão
quando jura pra si
que é sim
vai lá e ouve um não
quando tem faca e queijo
mas não tem pão
ê frustração...
do caralho mesmo.
mas aí chega o sono
fecha os olhos
chega o sonho
bom que só o sonho
sonha bem
mas aí vem
o despertador
frustração do caralho mesmo...
ainda bem que é sexta-feira.


Vitório Vilas

Wednesday, October 18, 2006

ho ho ho

.


foi rapidinho, pô
quando acordei já tava
passando o jô
boto o pé no chão
piso na fulô
levanto e dois três passos
vejo a bela de maiô
fala sério, ô
pô, não tá vendo
que afim não tô
eu troco de estação
e de canal
só não troco a cor
e o que é meu
nem mesmo pense
não te dou
falô?

e dormi.


Vitório Vilas

quarta-feira

.


vou ali comprar cerveja
pra ver o jogo
esquecer de mim um pouco
quero des-me ser
daqui a pouco um dia eu volto
e volto logo que o jogo
acabar até o fim
é 10 ou 2
sem virada de campo
sem virada de mesa
é jogo limpo?
então tá limpeza
contanto que eu
não tenha de pensar
no que serei depois
quando o jogo acabar
é 10 ou 2
cara ou coroa, e depois?
é 11 pra lá
11 pra cá
10 na linha
1 no gol
bola no centro
eu tento
bem que tento
mas antes do fim
enfim, durmo
tranquilo... tá tudo bem
amanhã ao meio dia eu pego o trem
a parte da minha vida
que pra o sono desisto
assisto pela TV
toda quarta é sempre igual...
trabalho, cerveja, jogo e carnaval



Vitório Vilas

Monday, October 16, 2006

.


é dose
e o pior
ainda nem chegou
comatose
e a dó
essa já passou
fez sala e casa
às vésperas do domingo
dia de sair...
sofá, tevê
dá pra crer?
quero ver
no que vai dar
quando você
perceber
que não dará
em nada
figurinhas tarimbadas
repetidas, amassadas
e você, nem...
aí, sentado.
calado
tarimbado
repetido
figurinha difícil
é você.


Vitório Vilas

Sunday, October 08, 2006

só o que há depois do fim

.


é uma leveza estranha essa que se sente, sabe
de uma hora pra outra tudo muda, roda-se a chave
e do outro lado do lado de dentro do quarto
é só silêncio e escuro, que, apesar de sensato
agora é de tamanha estranheza
que só com o telefone
realizaria-se a proeza
de findar tamanha... paz
ah, mas parece que não é capaz
de medir sequer a próxima hora
seu corpo chora
a calma, em meio a paz
vai mesmo embora
e agora?
pega o telefone e disca
risca do teu vocabulário
a palavra orgulho
e mais uma vez
de cabeça mergulho...
mais uma vez.


Vitório Vilas

Saturday, October 07, 2006

Paráfrase a Vitório Vilas

.


Ele vem e me fala
De vozes a solfejar
Indo e voltando
Em mágicas coreografias;
Transeuntes nos espaços
Que dizem de brancura,
Estatura...De algo a almejar...

Só sei que são vozes, vozes de lá,
Também com um timbre dissonante
Que aposta ser errôneo
O que por dentro quer falar.

E nesta batalha entre tons,
Entre bemóis e sustenidos,
Há ainda o tempo-
Trinta dias já vividos-
E uma voz que em mim persiste
E que me leva o pensamento a revelar:

Não há, Poeta,nesta terra melodia,
Vendaval, tempestade, invernia,
Pressentimento ou opinião
Que a voz do coração
Consiga enganar!


Samantha Medina

Thursday, October 05, 2006

[clic]

.


e ali, já no fim
ali, bem depois que o filme
que dizem que passa momentos antes
do ocorrido ocorrer
bem ali no momento depois desse filme
às vésperas do tal do elevador
"frio ou calor, senhor?"
ali, quase lá
foi interrompido, momentaneamente
o processo
ofereceu-lhe alguém um cigarro
e ele, bom fumante que era
disse "não, obrigado"


Vitório Vilas

a vez da voz da consciência

.


ah, ela deve ser assim...
assim, meio.. sabe?... sei lá...
mas nunca quis ela pra mim
só queria mesmo conversar
sobre a terra, o céu, o inferno
o mar... tanto faz, tanto fez
pois agora que passou-se um mês
aquela vontade que eu tinha
aquela que me consumia
sumiu.
será?
ando ouvindo vozes
na verdade é uma só
forte como um quebra-nozes
impiedosa como quem não tem dó
sincera como a consciência mais pesada
racional como a ciência mais exata
alta e clara como o pior dos pensamentos
veloz como velocistas ao favor do vento
essa voz... essa voz...
me fala com um rigor vigoroso
como quem fala de um caso amoroso
essa voz... tão minha...
me disse assim... "mentiroso"


Vitório Vilas

Tuesday, October 03, 2006

é de si

.


ah, esse ser
pensaram, desde
antes de nascer,
ter sido sempre
predestinado a vencer
"se for menina
e assim será
chamarão Vitória"
carregaria no nome
pra sempre consigo
e não haveria inimigo
que tomasse dela
palavra de essência tão bela...
mas por ironia do destino
genéticas poéticas
geraram um menino
e os cromossomos
aqueles que decidem
cromosseremos
os tais X e Y
talvez também o Z
viraram, de repente
A, B e C
e esse ser
que um dia fora
antes mesmo de se ser
vitória
tanto no nome
quanto na essência
virou Vitório... simplório
Vilas.


Vitório Vilas
.


o dia adia
o dia-a-dia
a faca acerta
a hora certa
nenhum remédio
remedia
a ferida aberta

a porta aberta
anuncia
o que o relógio
renuncia
chegou a hora
finalmente
dessa gente de bem
dizer o que sente
pois quem cala
consente
e quem fala pouco
cala demais

é tão simples, rapaz
é você quem complica
é você quem implica
pára tudo e refaz

vale a pena...
quando a calma
não é pequena.


29.09.2006
Vitório Vilas

Saturday, September 30, 2006

Pedido ao cidadão

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aqui, agora, vai poema não
vai pedido
vai, na verdade, indagação
vai você, colega, votar de coração?
pois, se sim, vota nulo nem branco não
vota consciente
pois tem tanta gente
que depende do voto seu
tanta gente menos consciente
do futuro que aguarda
que guarda o voto pra trocar
por cimento, tijolo, cerveja
e talvez até refeição
pois voto nessa época
é moeda, é ganha-pão
pelo menos o pão do dia
então, colega
o que o dia-a-dia adia
pelo menos amanhã
deixa de novo pra amanhã não
vota... de coração
te peço.


Vitório Vilas

Friday, September 29, 2006

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troca as cordas
da guitarra
e dá
um A... aqui
um G... a noite
E... beija depois
tem C de mim, vai
engata a D
e B toca...
toca logo esse som
toca logo essa vida


Vitório Vilas
.


a hora, quando tu saiu daqui
era de lembrar de coisa
bem mais importante, eu sei
mas custava nada sorrir
me dar um beijo e só
depois partir?

me deixasse tão feliz
de madrugada, ali jogada
na cama, enrolada no lençol
ouvindo a água do chuveiro
bater no chão
que agora nem parece
que meu coração bate num corpo
nu, que se encontra deitado
porém não mais de madrugada
mas na mesma situação...

infeliz do meu seio
horas antes recebeu tua boca
agora guarda rancor e receio
me deixasse louca no meio da noite
e agora de manhã, que é isso
queres me deixar louca também?
nem uma peça de roupa
pra usar como desculpa
procurei embaixo da cama
e só achei que a culpa
foi toda... toda...
minha


Vitório Vilas

Thursday, September 28, 2006

.


tô pensando em nadar contra a gravidade
pra bem longe do chão onde piso
de repente fugir pra qualquer cidade
procurar o que chamam paraíso
apesar de impreciso e inseguro
asseguro que é preciso e seguro
a barra... da saia, da calça, do dia
com a alegria de alguém
que não mais vai só
ficar em pé contra a corrente
enquanto a gravidade recorrente
da situação de todo o peso
da luz do sol e dor sermão
ilumina e cansa à primeira vista
mas à segunda... não mais

ilha e mar
de pé, em pó
remar, sem mar
sem fé nem dó
rezar pra passar
vai passar
já passou? ainda não
ah...


Vitório Vilas

Tuesday, September 26, 2006

.


perguntou ao pai
disse ele "pergunta pra tua mãe, vai"
foi lá e perguntou a mãe
disse ela "filho, mãe é mãe"
perguntou então ao irmão
disse o cara "ah, enche não"
perguntou a tia
ela disse "pia... pia pruma coisa dessa"
estava ruim a beça. perguntou a prima
que sina... e ela "te interessa?"
retrucou de lá de dentro a avó
"não fala assim com o menino, tem dó!"
descolado que só ele, disse o avô
"fala sério, pô. esse menino é brother demais"
perguntou de novo aos pais
"filho meu, é hora da novela, queremos paz"
resolveu perguntar a televisão
bem na hora da garota do tempo
contar mentiras disfarçadas de previsão
e o garoto, que só queria sair de mão dada
com as luvas de sua namorada
coitado, nem saiu e ainda pegou chuva...
só restou a ele o cão da casa, não o vira lata
o de estimação
enquanto comia sua ração
perguntou o garoto
e o cão, maroto
disse "au"


Vitório Vilas
.


disseram-lhe que seria impossível
que nunca conseguiria voar
ele pensou "admissível"
pois ninguém jamais dispôs-se
a dessa maneira tentar
afinal, quem é que nasce
alado, não é?
pois é, colegas
altas horas da madrugada
o seu olhar não negava
a intenção
ele disse, então
"posso voar"
disseram-lhe
"pode não"
"posso", "impossível"
"pois vou mostrar"
bem que tentaram parar
mas pela janela ele pulou
e voou...
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______.
______.
______.
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Vitório Vilas

Monday, September 25, 2006

Balé de ilha e mar

olá, bailarina
sabes qual é minha sina?
é pra ti escrever
te contar sobre meu querer
pois é, bailarina
essa vida que ensina
alguns a dançar
obriga outros a escrever
mais alguns a fazer música
que aí tu podes dançar
e eu posso te ver... escrever... no chão...
enquanto escrevo

ah, bem querer esse que tenho
mas me atenho a querer apenas
me contenho... me atenho apenas
a ser só querer... apenas

ah, que mal que me faz
ser incapaz de dizer tudo isso
e poder, então, arrancar-te o sorriso
ou a indiferença...

por isso confesso por aqui, colega
e admito e concordo com você
"que maneira é essa de confessar?"
mas confesso... (fazer o que?)
e somente pra você e quem você quiser
que venha ver o que tenho pra dizer

tu és em toda minha vida
desde que te vi
a mais bela
de todas a belas bailarinas
que já vi... viver


Vitório Vilas

Tuesday, September 19, 2006

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Um dia desses
perguntei a um amigo
sobre você
disse ele, "ela? bela
mas não vale o centavo
que se encontra no chão"
eu disse "não?
"e ele "sim... digo, não"
"a questão é, caríssimo
por trás de tanta beleza
há quem não sabe pôr mesa
mas que te porá muita coisa
na cabeça, compreende?"
"prossiga, por favor"
"é com muita dor que te conto
és um tonto por pensar ser nela
que encontrarás paz eterna"
confesso, pasmei
se acreditei? ora essa
estou deveras apaixonado
idiota mesmo, abobalhado
e não narro aqui
a estória do fim
do amor que por você sinto
mas minto se te disser
que não sinto falta da amizade
dele...


por Vitório Vilas

Sunday, September 17, 2006

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Assassino, selvagem, primário
salafrário esse tal dito cujo
cuja sina é ser plural
é carnal, maternal, bacanal
é anal, imoral, animal
sobrevive pois sobrevivência
é quase seu nome principal
polivalência, sapiência nata
empirica e natural
age por si e por si só
dá-se nó sem nem saber como
é o que nos é
o que somos
instinto
eu sinto
e você?


por Vitório Vilas

Friday, September 15, 2006

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Ainda não........................................... Agora!
E nesse meio tempo, quanto tempo se perdeu?
Foste devagar, ponto por ponto, até chegar ao agora
Que de agora já não tem mais nada
Ou, veloz que só tu, foste direto ao ponto que antecede
O momento que foi e que nunca mais será
Agora não........................................... Mas já?
E te perturba o fato de ele ter passado rápido demais
Repetes pra si não ter olhado para o lado mais que um instante
Ainda não percebeste, vacilante, que ele jamais passou
Mas que te leva consigo, não te preocupas, não há perigo
Ele, tu nunca perderás. Ele, tu nunca perderás.
Te preocupas apenas em preencher bem os pontos
Entre começo......................................fim
Pois isso é o que faz valer a diferença
Entre você.......................................... E você.


Vitório Vilas

Tuesday, September 12, 2006

Dou mais tempo a quem tem pressa
E a quem se interessa dou um pouco mais
Dou cais a quem navega e luz a quem se perde
Mas a quem pede dou não
Dou mais rubor e calor a quem perece
E a quem merece, dou um pouco mais
Pra quem tem cais dou corda
Para quem acorda, bom dia
Mas pra quem se vicia dou não
Dou gelo a quem tem coca
E gripe a quem tem cola
A quem tem cigarro dou fogo
Com meu lança-chamas
Transformo vício em transtorno
Dou retorno a quem se foi
E a quem retorna, boas vindas
Para toda dor, exijo "finda"
E para todo amor que se prossiga
Mas sempre há quem peça
Através de verso, prosa ou reza
É para esses que dou não
E sumo, vil vão...
.


um outro eu que não eu
abriu as portas de minha casa
e levou tudo que é meu
dos discos às salas
não sobrou coisa que valha
a calha do telhado
que o infeliz também roubou
dos porta-retratos só restou
o vidro quebrado pairando
alado... Pois o chão também
foi levado... Por quem, sabe-se lá
minha janela, por onde um dia vi o mar
foi deixada lá... Só levaram seu conteúdo
as portas, as tortas, geladeira e fogão
o botijão, esse ficou... Mas levaram o gás
dos quadros restou a moldura
do fogo da lareira restou uma fagulha
da linha, a agulha. da calça, o bolso
sem dinheiro...
pairei, deitado, ao lado do vidro
e com um caco, cessei meu riso
estranhei, apesar da dor, não sangrei
meu sangue fora também levado de mim
e por fim, escrevi no branco que ficou da janela

"Procura-se Cinderela que possa trazer de volta
uma vida, não necessariamente bela
não necessariamente viva
apenas uma vida que se possa chamar Minha"


Vitório Vilas

Sunday, September 10, 2006

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é falta de calma mesmo
talvez falta de zelo
mas a questão não é essa
ou será? falta de apego?
Cigarro aceso, a cinja já grande
a noite quase sem semblante
de tão clara que se encontra ficando
e os pensamentos vão sendo levados
pelo vinho... Ah, o vinho
vai desenhando à minha frente
o meu caminho
Ja não me sinto sozinho
agora estou só
relaxando e sentindo
que em algumas horas
de mim mesmo sentirei
dó... E dói, dói mesmo
pensar que não há nada mais
a não ser encarar, de olhos fechados
o problema conosco... É que
eu ando esquecendo ultimamente
de ser quem sou realmente
Nessa brincadeira de pseudônimo
alguém achou uma maneira
de não ser mais tão anônimo
E desde então meu outro eu
tem sido mais eu
do que eu mesmo jamais fui


Vitório Vilas
leia-me
creia-me
e se você já me leu
mas ainda não sabe quem sou eu
é porque não me leu
com a devida atenção
pois sou o que chamam solidão
sou o que chamam ser feliz
o que chamam chamariz
brinco, sim, com meu nariz
e com você, colega, por que não?
quero tua atenção e por isso escrevo
me atrevo a quebrar ritmo e rima
tentar compor obra-prima
mesmo sem ao menos saber escrever
e tudo isso pra que?
por um simples e sincero motivo
prazer, caríssimo
prazer em escrever


Vitório Vilas

Wednesday, September 06, 2006

dorme dorme menina nua
estou às vésperas da rua
saindo daqui pra em ti tocar
acompanhado de perto pela lua
noite nua e crua, pequenina
parece menina, corre lenta
inventa mil e uma maneiras
de se prolongar
às vésperas da porta, porém
alguém já não mais há
que não eu e apenas eu
e, à cama, teu corpo
apenas meu
aguarda... nu


por Vitório Vilas

Monday, September 04, 2006

para todo Bartolomeu que conheço
penso "melhor ter nascido adulto"
imagine só no amigo oculto
um colega de nome nerudo
inventa de acender o charuto
e a pedir que se quebre a rima
pois disse o escritor
"laranja lima"
e todo o pensamento
voltou a obedecer seu dono
pego de surpresa em pleno
exercício de divertimento legal
ilícito, mas legal


por Vitório Vilas, setembro de 2006, às 21h35
como ventos sem flor nem primavera
meu suor mais parece ser ela
é bem mais eu
do que meu próprio eu jamais será
que vida alguma assuma
então essa lacuna
que rabisque em cantos
de cadernos
o que deveria ser dito
aos ventos... sem primaveras
sem flor


por Vitório Vilas

Friday, September 01, 2006

seja paciente, vamos ensaiar
vamos fazer agora
vamos dançar... algo pra fazer
antes de ir embora
você dorme cedo ou tarde?
vá e seja feliz
dentro ou fora da cidade
Não rimou por um triz
O que pra ti fiz
Um texto que diz
Tanta coisa... Sei lá


Por Vitório Vilas

Tuesday, August 29, 2006

Segunda, 29/08/2006, 21h33. *constatada alta presença de apatia no sangue

Ele toma um pouco de café no lugar da coragem
E inventa alguma pra poder levantar
Pobre jovem... Apatia em si fez imagem
Contamina tudo o que toca, inclusive o ar
E hoje ainda é segunda...

Roubaram-lhe os livros, os discos, as fotos e o sol
Fez-se noite em sua vida, sem palavras, música
Pessoas ou sons
Para os justos e bons, café. Para os demais... Só
E hoje ainda é segunda...

Da porta da casa que já não bate mais
Fez-se símbolo de sua solidão
Grades nas janelas não o deixam em paz
Levaram-lhe por último o irmão
E hoje ainda é segunda...

Não há mais motivo para TV
Ninguém mais... "reggae a vida com amor"
Não há mais dor, apenas solidão
Quem sabe um dia, de novo, a gente se vê

Mas não hoje... Pois ainda é segunda.


Por Vitório Vilas

Monday, August 28, 2006

O vinho açoita sem dó minha sobriedade
Enquanto caminho nu e só pela cidade
O vento castiga minha pele e juízo
Deveria eu ter lido o aviso?

O silêncio explode bem dentro de meu ouvido
O zunido que sopra me abraça... "Boa noite, querido"
Diz uma voz oriunda sei lá de onde
Deveria eu ter parado desde ontem?

Id diz: beba vinho
Super-ego diz: ...
Id nada escuta. É surdo o pobrezinho
Super-ego nada vê: Além de mudo, é cego

E o ego, cêntrico que só ele
Mata id e super-ego sem menção de lamento
Bebe vinho pois tem pra si que a vida é curta
Imagine então quão curto é o momento

Que acabara de ser e nunca mais o será
Sem botão ou função rebobinar
Cale-se agora e beba vinho... Beba vinho... Beba... Vinho...
Beba... Vinho... Beba... do... melhor. Vinho...


Por Vitório ...irc...burp... Vilas

Soneto da infelicidade

Para quem precisa de silêncio, caixas de som no mais alto volume
Incólumes de qualquer vácuo que possa separar o espinho da dor
Para qualquer ser por demais apaixonado, um beijo seco, o azedume
E a certeza de que o outro sente... Qualquer um... Mas não amor
Para quem é vivo, morte. Para quem é morto, que continue assim
Para quem precisa... Necessidade sem fim
Para quem tem voz e fala, afonia extrema sem causa aparente
Para quem se fecha e cala, uma dor no céu da boca e um corpo doente
Para quem tem sono, a luz do sol e olhos abertos, azuis
Para quem tatua, as rugas e a ferida aberta... O pus
Para quem sente saudades, distância
Para quem tem pressa, eterna infância
Para o poeta, a bailarina de perna quebrada
Para o palhaço, a mais sem graça das piadas
Para toda rua, uma beco sem saída
Para o inferno... Tudo e todos.


Por Vitório Vilas

Sunday, August 27, 2006

Elegi sem saber ao certo porque eleger
Me fora oferecido pão, circo e uns sacos de cimento
Motivo melhor não poderia haver
Elegi como quem solta palavras ao vento...
Elegi quem, bem sei, mas não
O que pretende fazer
Mas minha barriga hoje não dói de fome
Meu voto, senhor, é minha moeda
Direito tem quem vive como homem
Elegi, sim, sem pensar na maioria
Por sentir na pele a tal democracia
Que julgam tão justa em seios meios e fins
Nunca vi essa tal democracia pensar em mim
Elegi pois tenho fome e frio
Elegi pois em minha cidade não corre um rio
4 cestas básicas, caminhão pipa e 10 sacos de cimento
E um show da dupla sertaneja mais conhecida no momento
E me vem você que nem se lembra quem elegeu
Dizer que eu não sei votar
Quem mais sabe, e quem elege, sou eu


Vitório Vilas
Inclina mais um pouco esse espelho
E, como que sem querer, me encara
E dá as costas pra mim
Me mostra como é lindo teu cabelo
Me deixa tecer, minha cara
Teu belo nome sem fim
Me espera na saída com teus livros nos braços
Ah.. como eu queria me esquecer em teu abraço
Que não foi feito pra mim
Desata todo e qualquer laço
Que prenda teu cabelo e te deixe longe de mim
Ah... Quem me dera poder te querer
Mas só quero querer não querer te poder
teus lábios nos lábios teus, que são meus
Mas não os seus...
Agradeço aos céus por ires embora
Antes da hora em que passo por ti
Pois não aguentaria vê-la e ver teu sorriso
E de volta pra ti não poder sorrir
Pois sou um bobo, e admito
E bobo sou pois acredito
Que o amor... Ah, o amor à primeira vista
Exista... mas apenas dentro de mim


Vitório Vilas