Tuesday, July 31, 2007

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faz um favor pra mim aqui
pequeno, prometo. do tamanho de mim
em ti

me esquece.
me deleta de onde resido em ti
imagens, sons, movimentos.
shift del
sem chance de retorno.

se sentir saudade?
vontade de me executar?
download me. mas não me salva em ti.
nunca mais. apenas executa. clica "abrir"
nunca mais "salvar destino como"...

não me quero mais só teu
é isso. entendeu?
sou agora freeware.
free, ué.


Vitório Vilas

emeeseênicas

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"beliscão..... ui.... isso eu estilo. ainda mais se for onde as cócegas nascem"
é? elas nascem, não sabia?
onde? em árvores, ué? tem gente que planta, tem gente que colhe
como tudo na vida. você sabe como funciona.






claro que não, foi uma piada
as cócegas nascem mesmo
é do nada.
ali, entre as costelas
bem entre elas. ou acima
e não há vacina
que as previna. nem adianta tentar...

ocorrem também no pé
no suvaco ou no pescoço
na virilha é que é
gostoso.... ou peri gozo
isso segundo uma amiga...

há também quem diga
que cócegas não sente
não sei se é insensível
ou se mente... quem souber
ria.

cócegas. dizem que podem matar
matar mesmo, de morte sem ar
asfixia, entende?
era o que minha mãe sempre dizia
ou seria outro parente?
"pára com isso que asfixia"
asfixia...
nunca tentei e óbvias são as razões

mas já chorei de tanto rir
e já morri de rir
não é igual a morrer morrer
nem tem a graça de rir por si só
mas é paradoxal
transcedental
é... chato pra caralho, isso sim.

dá vontade de mijar nas calças
vontade, claro, é modo de dizer
ou alguém aqui é bizarro o suficiente
pra mijar nas calças e depois sorrir
mostrando os dentes?

pff... cócegas. quem explica?
sorrir e chorar. sorrir e mijar.
sorrir sem vontade, por causa
de fricção.

cócegas... sementes que nascem
nas pontas dos dedos
nas cerdas das penas dos desenhos
nas linguas das moças avoroçadas
de onde brotam risadas
lágrimas
e mijadas.

cócegas... vai entender.


Vitório Vilas

em família

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se deu vontade de bater
se deu vontade de espancar
não bateu por que?
deu medo, foi? deu medo?

deu medo não, garoto
deu receio de machucar
a carne é a fraca e o osso
duro
e tu bem sabe, tu não é duro
na queda
mas é tão corajoso quanto burro

que grande merda é você
não tem coragem de bater
e brada esse seu velho
blah blah blah

pois bem, garoto
está você a me desafiar

até que enfim
percebeu...

quem mais avisou fui eu




mãos, braços
pernas e cascos
o chão é o palco
do circo sem graça
de uma briga entre irmãos
sem vencedores ou vencidos
foi só mais uma...
























e logo mais, no jantar
faz favor, passa o pão


Vitório Vilas

Sunday, July 22, 2007

...

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socorro. eu não sei mais escrever

não saberia sequer começar
o que nem sei o que quereria falar
esqueci mesmo.
da técnica, do jeito, do sotaque
dos assuntos que se falam
quando quer se falar
seja de pé em frente ao espelho
ou ao pé do ouvido
sempre em cima, em pleno desespero
sinta o que for sentido
esqueci. não lembro mais.
de como mexe a boca
de como enrola a lingua
de como os dentes cortam o vento
advindo direto da garganta
esqueci de como se faz vibrar
uma pá de cordas vocais
cheguei até a esquecer
que me havia uma boca...

foi aí que me toquei.
eu só me lembrava das palavras.


soltas ... todas soltas. assim ...

"..."

"soltas"


Vitório Vilas

Monday, July 16, 2007

visite. e visite mais vezes.

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http://www.flickr.com/photos/o_gu

Thursday, July 05, 2007

estrelismo, dizem uns... eu? eu me calo.

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pensa que eu não te vejo aí
a me ler?

eu vejo, sim... vejo sempre que você vem.
o que se passa, porém? não tenho mais te visto
com frequência
não te agrada mais a minha demência?
meus devaneios mais parecem esperneios
em busca de atenção?
vai dizer não mais crer
que escrevo em vão meu coração?

cansou-se de meu verbo
meus períodos compostos por orações sem sujeito?
ora essas, sou ateu. quem mais reza pra ninguém
sou eu.
e pra os meus trocadilhos, te falta tempo?
eu te vendo um pouco, que tal?
troco por visitas íntimas, envolvimento afetivo
com minhas palavras
meus adjetivos, todos teus... que tal?
transformo em começo, por você, meu ponto final
minhas reticências nunca o silêncio
não mais...

e se, por você, um cais?
um rapaz na volta pra casa
na rua escura e deserta... ao teu lado
nunca do oposto.
e se, por você, um rosto familiar
vago, porém familiar para olhos amnésicos...
e se, só por você
analgésicos em dias de sol, calor
e enxaqueca?
e se, somente por você, tudo?

que tal?








você volta amanhã?



Vitório Vilas

exceOpcionais

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dia desses ouvi sobre um cara
que disse ter conseguido ficar invisível
pôs-se em frente ao espelho sem, porém
fazer pose
fechou os olhos e pronto; nunca mais se viu
invisí-viu?

ele não.


num outro dia, ouvi sobre uma moça
que dizia conseguir enganar todo e qualquer trouxa
a começar por si mesma.
desde pequena mente pra si.
mente tanto, mente muito, muito mesmo
que todos crêem nas mentiras que ela conta
a começar por ela
sua vida é poesia e prosa
menti-rosa?

sim, pra ela.

hoje, no entanto, a maior das maiores
me veio assim, por acaso, quase que sem querer
aos ouvidos
ouvi falar de um cara que sabia não ouvir
não era questão de prestar ou não atenção
era mais como uma função "mute" de tv
ele apertava o mamilo esquerdo e ...








chamaram-lhe de mentiroso.
todavia, não ficou nervoso
sabia que era apertar o mamilo
o esquerdo
e todo e qualquer segredo
continuaria assim...

secreto.


amanhã certamente ouvirei de outros especiais
diferentes e coisas e tais
que sabem isso, que fazem aquilo
que são sempre únicos

púnicos... todos.
traem a própria sorte
ao revelarem segredos tamanhos
quem não quererá agora seus ganhos
a começar por mim...



todo dia ouço dizer desse invejoso que sou.
invariavelmente, no entanto, me calo.
não gosto de pisar em meu próprio calo.


e assim sigo
vi-vendo...


Vitório Vilas

Sunday, July 01, 2007

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há quem diga
que tudo tem hora e lugar
mas qual será
o lugar da hora
diz qual será
a hora do lugar


?


será que é lá
onde o vento faz a curva
será que a hora
é a hora H
seja-se lá
a que horas for
não haveria lugar
melhor que aqui
não haveria hora
melhor que agora.

me diz onde, então
me diz que horas são

me diz a hora de ir
que eu vou

já fui
viu?

quem mandou perder a hora...


Vitório Vilas