Tuesday, October 31, 2006

rotinus fins relacionamentus

.


andei brigando com quem não devia
ê, agonia... falei besteira
ando vivendo como se numa esteira
vivo, vivo
mas morro sempre no mesmo lugar
ultimamente ando
beirando a loucura
beijando
sem muita ternura
encarando
outras faces que não
uma de suas mil
puta que pariu...
mal bem falei o que não devia
e a alegria de dizer à vontade
só por maldade
anuncia o que na verdade
eu não queria sentir...
e agora? ai de mim.


Vitório Vilas

Monday, October 30, 2006

o que sou... que seja.

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sou inimigo do ritmo
e da rima
não componho, nem almejo
obra prima, irmã, amiga
consiga apenas entender-me
esse, sim, é meu desejo
divirta-se me lendo
ou não
queira repartir comigo
seu pão
ou seu pé em minha cara
se seu desejo for
mas não me espere compor
seja lá o que for
desde que por normas
regrado
escrevo mesmo é regado
a cerveja, cê veja com'é...
sempre sem fé
no alarido
com muita música no pé
do ouvido...
fumo vinho vez por outra
a cabeça louca
e a consciência quase pouca
escrevo quase sempre o que vejo
nem sempre o que sinto
vez por outra o que minto
de repente o que desejo
vai saber...
mas enfim,
ainda vai me ler?
então puxa o banco
só não puxa o saco
tô de saco cheio já
de tanto blah blah blah
mas se de repente tu me gosta
não duvida, bate aposta
posta um post e me diz
me faz feliz
tá?


Vitório Vilas

Sunday, October 29, 2006

ontem ele... hoje só... amanhã, quem sabe, ela.

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ontem ela se dançava em sua cozinha
mas hoje ela afasta a cadeira pra
seu filho passar
ontem ela quase passava pelo fogo
sem se queimar
mas hoje ela só cozinha
com fogo baixo
que é pra comida
não queimar
ontem era biquini
hoje, vez por outra maiô
em maio, que é quando não chove
ou será que chove... sabe lá
faz tanto tempo
e tempo agora ela nem tem
pra ficar de flozô
saturou desse agora
lembra ontem
como se fosse hoje
e tenta viver hoje
como se fosse ontem
mas não dá
não mais...


Vitório Vilas

Wednesday, October 25, 2006

depois da meia-noite tudo sara...

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00h19. mania feia essa minha de achar
que todo mundo é insone
00h20. toca o telefone
um amigo me chama pra comprar vinho
00h25. roupa no corpo
seguimos nosso caminho
sozinhos... a noite inteira pela frente
o carro na rua faz que vai mas mente
e acaba indo de repente
pra trás... mais nunca pra frente
os atos todos inconsequentes
isso há 1h
quando sem demora a gente chegou
no lugar lá
onde o vinho sempre está
e tomou um porre
e depois dois
e depois
foi comédia
fizeram as médias
soltaram as rédeas
e relaxaram...
mas aí os donos chamaram
e acabou-se o que era doce
ah, eu queria ser rico
por um dia apenas
porque ser todo dia é foda (piada antiga)




ahh... 02h51. fim.


Vitório Vilas, ainda às 2h51.

conversa rápida

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(tão rápida quanto o piscar dos olhos que conversaram)


hoje ela penetrou minhas lentes
minha retina
desatina toda minha paz
e lá bem dentro de mim
disse assim
"eu sei"
mas eu neguei
expulsei de mim
a fim de poder encará-la
um dia novamente
"será que mente?"
pensei eu
"será que sabe?"
"sabe que não sei"
mas nem perguntei
perigosa demais
essa brincadeira
com a janela da alma...


Vitório Vilas

Tuesday, October 24, 2006

"são olhos iguais aos seus"

.


ah, guria
tu deveria piscar nunca
imagina que, ao piscar
tu acaba por privar
o mundo
mesmo que por um
milésimo de segundo
de beleza e perfeição
em dobro
tenha a certeza
de que fico aqui, bobo
louco quando tu olha
pra mim
imagina então
como sofro
quando tu vai
embora dormir...


Vitório Vilas

Monday, October 23, 2006

e-mail... e-nteiro... e-real... e-agora?

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o que há de ser
dessa vez...
será não
foi mal
etc e coisa
e tal

por que?
pelo simples prazer
de ser
do contra.

algo contra?
reclamações
ou
sugestões
devem ser enviadas
por e-mail

e-mail que leio... pela metade
na má vontade
e-mail que sou
e meio... que seja.


Vitório Vilas

Sunday, October 22, 2006

de 8 a 80, aumento, mas não invento, a dor

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ah, eu bem sei porque assim me sinto
mas minto tão bem que quase acredito
não saber de nada sobre porque me sinto assim
é mais ou menos como disse um poeta aí
e, vejam bem, eu disse "mais ou menos assim"

o poeta é um fingidor
finge dor tão bem
que acaba por sentí-la
de fato

não é bem que eu finja
nunca fui assim tão... ninja
é que quando pra escrever sento
eu aumento, amigo, mas não invento

opa, parece que já ouvi isso antes também
se não me engano, foi de um tal que não merece
a fama que tem
pelo menos é o que dizem os ditos intelectuais
com suas conjecturas acerca de temas tão atuais
discorrem sobre o fútil
escolhem o que acham útil
escorrem suas asneiras
enquanto varrem a poeira
pra debaixo do tapete

ah, cacete
não é assim que a banda toca
e nem era sobre isso que eu queria falar
estava falando mesmo era do que sinto
quando minto não saber porque me encontro
a chorar...

quer saber? senta e liga a TV
eu não valho a pena
acena pra mim apenas
nem precisa fazer cena
eu sou um fingidor, afinal
e você vai perder a última cena
da novela que está no final


Vitório Vilas

1.6km

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ê, milha
longe que só
que quase humilha
ê, milha
dá pra percorrer?
será que raciocina
quem possa ser
a milha
sina e sal
ê, milha...


Vitório Vilas

Friday, October 20, 2006

ah, rapaz. eu quero paz...

.


ah, rapaz
eu moro aqui não
mas sagaz
que só um cão
conheço o caminho
de volta
já não saio sozinho
o que revolta
quem fica pra trás
ah, rapaz
traz logo esse vinho
não se demora
já é mais que hora
demonstra carinho
mas não por qualquer
carinha
que te chamar de mulher
tu é minha
só minha
e não de quem tu quiser
ah, rapaz
por que tu é assim, hein?


Vitório Vilas

Thursday, October 19, 2006

ê lê lê

.


frustração do caralho mesmo...
como quando vem dominó
pra quem queria baralho
acha o pó do nescau
na lata, mas todo molhado
o leite
qualhado
o pensamento
alado...
frustração do caralho mesmo...
como quando o desejo
acaba na mão
quando jura pra si
que é sim
vai lá e ouve um não
quando tem faca e queijo
mas não tem pão
ê frustração...
do caralho mesmo.
mas aí chega o sono
fecha os olhos
chega o sonho
bom que só o sonho
sonha bem
mas aí vem
o despertador
frustração do caralho mesmo...
ainda bem que é sexta-feira.


Vitório Vilas

Wednesday, October 18, 2006

ho ho ho

.


foi rapidinho, pô
quando acordei já tava
passando o jô
boto o pé no chão
piso na fulô
levanto e dois três passos
vejo a bela de maiô
fala sério, ô
pô, não tá vendo
que afim não tô
eu troco de estação
e de canal
só não troco a cor
e o que é meu
nem mesmo pense
não te dou
falô?

e dormi.


Vitório Vilas

quarta-feira

.


vou ali comprar cerveja
pra ver o jogo
esquecer de mim um pouco
quero des-me ser
daqui a pouco um dia eu volto
e volto logo que o jogo
acabar até o fim
é 10 ou 2
sem virada de campo
sem virada de mesa
é jogo limpo?
então tá limpeza
contanto que eu
não tenha de pensar
no que serei depois
quando o jogo acabar
é 10 ou 2
cara ou coroa, e depois?
é 11 pra lá
11 pra cá
10 na linha
1 no gol
bola no centro
eu tento
bem que tento
mas antes do fim
enfim, durmo
tranquilo... tá tudo bem
amanhã ao meio dia eu pego o trem
a parte da minha vida
que pra o sono desisto
assisto pela TV
toda quarta é sempre igual...
trabalho, cerveja, jogo e carnaval



Vitório Vilas

Monday, October 16, 2006

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é dose
e o pior
ainda nem chegou
comatose
e a dó
essa já passou
fez sala e casa
às vésperas do domingo
dia de sair...
sofá, tevê
dá pra crer?
quero ver
no que vai dar
quando você
perceber
que não dará
em nada
figurinhas tarimbadas
repetidas, amassadas
e você, nem...
aí, sentado.
calado
tarimbado
repetido
figurinha difícil
é você.


Vitório Vilas

Sunday, October 08, 2006

só o que há depois do fim

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é uma leveza estranha essa que se sente, sabe
de uma hora pra outra tudo muda, roda-se a chave
e do outro lado do lado de dentro do quarto
é só silêncio e escuro, que, apesar de sensato
agora é de tamanha estranheza
que só com o telefone
realizaria-se a proeza
de findar tamanha... paz
ah, mas parece que não é capaz
de medir sequer a próxima hora
seu corpo chora
a calma, em meio a paz
vai mesmo embora
e agora?
pega o telefone e disca
risca do teu vocabulário
a palavra orgulho
e mais uma vez
de cabeça mergulho...
mais uma vez.


Vitório Vilas

Saturday, October 07, 2006

Paráfrase a Vitório Vilas

.


Ele vem e me fala
De vozes a solfejar
Indo e voltando
Em mágicas coreografias;
Transeuntes nos espaços
Que dizem de brancura,
Estatura...De algo a almejar...

Só sei que são vozes, vozes de lá,
Também com um timbre dissonante
Que aposta ser errôneo
O que por dentro quer falar.

E nesta batalha entre tons,
Entre bemóis e sustenidos,
Há ainda o tempo-
Trinta dias já vividos-
E uma voz que em mim persiste
E que me leva o pensamento a revelar:

Não há, Poeta,nesta terra melodia,
Vendaval, tempestade, invernia,
Pressentimento ou opinião
Que a voz do coração
Consiga enganar!


Samantha Medina

Thursday, October 05, 2006

[clic]

.


e ali, já no fim
ali, bem depois que o filme
que dizem que passa momentos antes
do ocorrido ocorrer
bem ali no momento depois desse filme
às vésperas do tal do elevador
"frio ou calor, senhor?"
ali, quase lá
foi interrompido, momentaneamente
o processo
ofereceu-lhe alguém um cigarro
e ele, bom fumante que era
disse "não, obrigado"


Vitório Vilas

a vez da voz da consciência

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ah, ela deve ser assim...
assim, meio.. sabe?... sei lá...
mas nunca quis ela pra mim
só queria mesmo conversar
sobre a terra, o céu, o inferno
o mar... tanto faz, tanto fez
pois agora que passou-se um mês
aquela vontade que eu tinha
aquela que me consumia
sumiu.
será?
ando ouvindo vozes
na verdade é uma só
forte como um quebra-nozes
impiedosa como quem não tem dó
sincera como a consciência mais pesada
racional como a ciência mais exata
alta e clara como o pior dos pensamentos
veloz como velocistas ao favor do vento
essa voz... essa voz...
me fala com um rigor vigoroso
como quem fala de um caso amoroso
essa voz... tão minha...
me disse assim... "mentiroso"


Vitório Vilas

Tuesday, October 03, 2006

é de si

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ah, esse ser
pensaram, desde
antes de nascer,
ter sido sempre
predestinado a vencer
"se for menina
e assim será
chamarão Vitória"
carregaria no nome
pra sempre consigo
e não haveria inimigo
que tomasse dela
palavra de essência tão bela...
mas por ironia do destino
genéticas poéticas
geraram um menino
e os cromossomos
aqueles que decidem
cromosseremos
os tais X e Y
talvez também o Z
viraram, de repente
A, B e C
e esse ser
que um dia fora
antes mesmo de se ser
vitória
tanto no nome
quanto na essência
virou Vitório... simplório
Vilas.


Vitório Vilas
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o dia adia
o dia-a-dia
a faca acerta
a hora certa
nenhum remédio
remedia
a ferida aberta

a porta aberta
anuncia
o que o relógio
renuncia
chegou a hora
finalmente
dessa gente de bem
dizer o que sente
pois quem cala
consente
e quem fala pouco
cala demais

é tão simples, rapaz
é você quem complica
é você quem implica
pára tudo e refaz

vale a pena...
quando a calma
não é pequena.


29.09.2006
Vitório Vilas