Thursday, December 13, 2007

formoZo

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cabe a cada um muito mais que pensa
o vulgo vulgar.
cada um que se conhece
pois que se compre
e dessa maneira a gente faz um mundo melhor.
cabe o que se faz
o que se diz
e o que se paga
só não cabe o do outro lado do espelho
na frente de cada um.

aposto, cada um gostaria
de ter um outro ao lado bem agora.
embora poucas vezes um outro
gostaria de ter o cada um ao lado.
lance de dados viciados
é quando há feliz coincidência.
aí, assim deveria ser
perderia-se a decência hipócrita
a doença dos bons costumes
e foderia-se. foderiam-se.
trepariam-se entre si os que quisessem
e assim seria.

mas não é.

uns dizem foda-se.
outros fodem-se.
outros fazem amor.
mas todos; e eu digo todos
gozam.

o gozo. o seu, meu, o do bozo.
todo gozo é igual.
só muda o dono. e as células sensoriais.
os casais.

não se engravida de um dedo.
não, ana maria, não.
pois bem, então sorria.
segure forte a minha mão.

isso. forte.

assim...


Vitório Vilas

Thursday, December 06, 2007

a carta de amor que nunca entreguei

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queria poder dizer
"me encontre em hora x, dia tal"
coisa assim, coisa e tal
levaria uma caixa de chocolates
diets, pois sei o quão tememosa é você
com açúcares e seus dentes.
dentes que compoem sorriso-poesia
alegria de qualquer uma de minhas manhãs
acordadas ao teu lado.

queria poder dizer "me espera na janela"
bem na hora do mais belo pôr-do-sol
e te levar flores arrancadas na hora
só pra depois ir embora
deixando um rastro de saudade à tua frente.

queria teu abraço eterno
tua paciência pequena
inquietude plena
tuas brigas amenas
teu colo nervoso...

queria morar na tua cidade.
ser teu vizinho de cima.
queria te inventar minhas verdades.
vitimado por tua manobra-prima
adormecer... queria.

cantarolar em teus curtos cabelos
que curto demais teu cafuné.
"que tal um café?"
o teu olhar, o maior dos teus zelos...

queria, sem querer
que essas palavras chegassem aos teus ouvidos
mas você não sabe esse endereço
tão bem quanto sei o teu.

que pena.

que pena.


Vitório Vilas