Monday, August 28, 2006

Soneto da infelicidade

Para quem precisa de silêncio, caixas de som no mais alto volume
Incólumes de qualquer vácuo que possa separar o espinho da dor
Para qualquer ser por demais apaixonado, um beijo seco, o azedume
E a certeza de que o outro sente... Qualquer um... Mas não amor
Para quem é vivo, morte. Para quem é morto, que continue assim
Para quem precisa... Necessidade sem fim
Para quem tem voz e fala, afonia extrema sem causa aparente
Para quem se fecha e cala, uma dor no céu da boca e um corpo doente
Para quem tem sono, a luz do sol e olhos abertos, azuis
Para quem tatua, as rugas e a ferida aberta... O pus
Para quem sente saudades, distância
Para quem tem pressa, eterna infância
Para o poeta, a bailarina de perna quebrada
Para o palhaço, a mais sem graça das piadas
Para toda rua, uma beco sem saída
Para o inferno... Tudo e todos.


Por Vitório Vilas

1 comment:

Anonymous said...

Isso é um soneto? oO