Sunday, April 15, 2007

cego, não nego. enxergo quando quiser.

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aí eu disse assim
"tenho nada mesmo com isso..."
"fazer o que?"
pra começo de estória, mentiram
pra mim
e o fizeram mais ou menos assim...

colocaram em minh'água
um negócio invisível
porém, bastante digerível... engoli
sem sequer pecerber
quando vi, não podia mais ver
pensei cá com meus botões
"deveríamos nascer com botões
e funções do tipo rewind"
mas voltando...

cego, e não nego
rumei sabe-se lá pra onde
não podia ver. só sei que subia
pra onde ia era difícil de ver
pra piorar, estava escuro...

topei em algo duro
pensei "é um furo?"
pode sê-lo ao avesso, oras...
não me crê? azar.

encontrei, por fim, uma parede
meu nariz lembra-se disso perfeitamente
hoje em dia ainda é meio torto
e doente
mas não morto... morto não.
cego de nariz morto é cego e meio.

na parede havia uma porta
destrancada, vim a perceber
"abro? não abro?"
abri.
nada vi.
estava ainda cego.
e não nego.
cego porque queria ser.

foi aí que eu disse assim
"tenho nada mesmo com isso..."
"fazer o que?"


Vitório Vilas

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