Monday, April 16, 2007

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e não é que quando percebi
já era meia-noite
da suspresa fez-se o açoite
da noite fez-se madrugada
com uma granada sem pino
nas mãos
corri feito um louco varrido
pela vassoura dos teus sonhos de mel
a granada ainda nem explodiu
e já me pergunto "aqui é o céu?"
porque se for quero descer...

tenho medo de altura
mas nunca tive medo de voar
deve ser porque não sei direito.

tenho muita amargura
por toda vez que tentei tentar
mas nunca saí daquele parapeito

deve me estar no dna
a diferença entre ser homem
e voar
de nada deve adiantar, porém
saber das ciências pra resolver
tal questão

tem de saber é de si.

saber de casa e de cada um
que a frequenta
saber que escreve com pena
a mão que aguenta
saber que acena pra vida
quem quer
pois é assim que ela acena de volta
saber que o mundo dá voltas
mas quase nunca tem vaga pra todo mundo
enfim... saber de tudo um pouco
e de pouco um tudo. e vice-versa

mas falávamos mesmo era de voar
e das peripécias que faria quem
o fizesse.
ir ao céu e voltar a hora que quisesse
descer de lá quando estivesse chato
e voltar quando legal

mas pra voar tem que saber muitas coisas
e eu gosto de ser passivo das coisas
talvez um dia alguém me leve...

é. talvez um dia alguém me leve.
dou-me por satisfeito.


Vitório Vilas

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