Wednesday, March 28, 2007

você não vai querer ler isso.

.


o que dizer, então, das imagens
de suas mentiras, de suas intenções
o que dizer então dos selvagens
de suas vertigens e contradições
o que dizer dos políticos
dos analíticos, dos analisados
o que dizer dos coisificados

o que dizer da mentira
da sua vaidade e dos seus chavões
o que dizer da calcinha
da sua beldade e dos tantos bundões
o que dizer do livro aberto
do marcador e da página arrancada
o que dizer do que diz nada
e mesmo assim fala demais

no caso, esse caso é o meu
o que dizer eu quis? o que quis dizer eu?
o que quero dizer quando não digo?
o que digo quando não quero dizer?
se conto algo de novo
de repente tens pressa
se te digo algo de velho
de repente não te interessa
te interessaria saber
que não tenho nada a dizer?

antes de admitir, no entanto
digo de coração
antes falar nada, porém demais
e ter por algumas linhas tua atenção
a calar... e mesmo assim ainda tê-la.
não... não.
não aguentaria o peso dos teus olhos
a carência de palavras dos teus ouvidos
não perderia o arrepio dos teus poros
em troca de alguns de meus gemidos

aliás... gemidos falam, não falam?
pois bem. no fim, todo mundo acaba falando.
nem que seja gemendo.
ambíguo? isso é o que dá falar nada
e mesmo assim falar demais.


Vitório Vilas

4 comments:

Miniow said...

Eu sou o inverso do verso
Paralelo ao nosso elo está à razão

Uma pessoa sem nexo
Ouvindo o rádio podendo ver na televisão

Muitas vezes disperso
Tens Colomy ou papel de pão?

Apenas mais um no universo
E aquele Paralelo é a tangente do coração

No mais...

Sou Padre converso
E procuro no milagre a explicação.

Moral da estória: Babilônia em chamas

Anonymous said...

Dizer
que o ambíguo
é o
umbigo
da
razão.

(ou não)

Ego é
repetição.

Gravação.

Gravação.

Play back.

Play beck
e relaxa
mermããão!!!

(beijão)

rs

M a r í l i a said...

"não aguentaria o peso dos teus olhos
a carência de palavras dos teus ouvidos
não perderia o arrepio dos teus poros
em troca de alguns de meus gemidos"



posso lê-lo por mais vezes, se quiseres... porém não mudará o fato de que, nesse, há o encontro do "melhor" com o "mais bom".

Não como com cartas de amor, que quanto mais lemos, menos interessantes são.

O que você diz vai além do não. Além do mais. Além do além da razão.

O que você diz atrai atenção.
E delicia... Delicia.

Bruno Cazonatti said...

Ih, eu li e gostei. E agora?

Abraço
brunø