Sunday, March 18, 2007

puxa o banco e senta

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sr. martinez me falou um dia
pra não deixar de prometer
tesouros no fundo do mar
ora essa, e se o meu foi roubado
antes d'eu saber dele?
são planos furados
os de querer me roubar
não tenho um conto no bolso
e os que tenho já se comprometeram
a pagar minhas contas do final do mês
não valho nada além do que pensam que valho
o que descobri um dia desses
tirando mãe e família
eu não valeria, nunca, além do que valho
pra você.

aliás, quanto valho pra você?

não... desculpe. não precisa responder
que pergunta essa, oras...
geralmente sou educado. geralmente.
mas é que quando escrevo falo demais.
frescura de quem escreve...
você escreve? escreve, escreve sim...
nem que seja carta. isso é escrever.
todo mundo é escritor.
eu escrevo. pra você. você escreve pra mim?
você escreve pra alguém?

todo mundo deveria escrever pra alguém
escrever pras pessoas é bom. tanto pra quem escreve
quanto pra quem lê. na verdade, nem sempre...
pra nenhum dos dois.
mas quando um dos dois; quem escreve ou quem lê
gostar do que faz e o fizer bem
a chance do outro gostar é bem mais alta. parece-me lógico.

é, eu sei. é prolixo a palavra, né?
você deve estar pensando isso de mim agora mesmo
"por que essa cara nunca termina o que começa a dizer?"
é mania minha... me acompanha?
escreve pra mim sobre teu dia
tua noite
teus sonhos
pesadelos
teus apelos
desistências
resistências
me conte sobre suas reticências
sobre o que você veio fazer aqui
me conte sobre porque não veio até aqui
da primeira vez...
sem ressentimentos. só curiosidade.

me escreva. eu prometo, mais dia menos dia
eu te escrevo de volta.


Vitório Vilas

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