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não adianta... não adianta forçar. já é a quarta ou quinta vez que apago versos e mais versos, que não têm culpa da falta de assunto que viriam a expressar se não tivessem sido apagados. mas que culpa tenho eu? nenhuma. é da vontade de escrever que os versos que quase foram o que nunca mais serão deveriam estar com ódio. um cemitério de versos essa vontade criou. um cemitério abstrato, de palavras que morrem e voltam, que voltam e morrem, num ciclo incessante. é da vontade que dá, que não consigo controlar.
de minha parte, há apenas a culpa por não me entender, deixando assim que os pensamentos materializem-se ao bel prazer dessa vontade. vontade de dizer... tudo. e depois apago. é assim meu desabafo. escrevo, leio, apago. não há sequer o cheiro do hálito no ar para provar que falei o que, habilmente, calei.
e o cemitério cresce.
Vitório Vilas
Thursday, February 22, 2007
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1 comment:
Ah, como sei do que fala!
É como se palavras fizessem sentido naquele dado instante e nunca mais depois, de modo que nunda mais queremos vê-las postas daquela maneira.
São elas nossas vassalas, ou nós os vassalos delas?
Quem assume o controle? Tem poesias onde elas tomam posse de mim - e assumo - estas são as melhores, pois eu viro ninguém e elas são alguém que me transpassa, ultrapassa, esvazia e enche sem adulterar a alma.
Talvez sejam o diabo.
Às vezes eu tenho o controle. Mas essas poesias saem tão xinfrins!
E vai o cemitério crescendo. E a gente acaba deglutindo cadáveres dentro de nós mesmos.
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