.
sentou em frente a tv o homem cansado e pôs-se a assitir.
passava num canal um programa apresentado por uma mulher
peituda, burra e boçal. cansado, o homem resolveu desistir.
sem muito esforço, ergueu o braço, o dedo e o instinto voyeur
tomou conta da casa, da sala, do sofá, da atenção...
não por muito, porém.
filho único, o homem cansado não gostava de grandes irmãos
ergueu de novo a mão, o dedo e clicou
"é gol", gritou a tv
pergunta-se o homem "pra que?"
de que adianta se tudo na vida é dez ou dois?
resolveu deixar aquilo pra depois.
ergueu, mais uma vez, o braço, a mão, o dedo
e sentiu um certo medo
não do escuro que de repente tomou conta da sala
mas da solidão que a qualquer um cala
a boca e o coração
um susto apenas
a luz voltou. em technicolor. digital.
o som, o mocinho, a bandida, a empregada
todos terão seu final feliz
o palhaço a brincar com seu nariz
o gozo interminável dos casais pornôs
os pay-per-views dos camelôs digitais
e os cannes-byes...
cansado disso tudo, o homem cansado
ergueu pela última vez o braço, a mão
o dedo e zica, nada mais era movimento.
pôde, enfim, ouvir seu pensamento...
padeceu feliz em seu sofá.
Vitório Vilas
Wednesday, May 23, 2007
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3 comments:
Hummm pois essa aprte q ele se sentiu so e tal...é uam coisa q acontece mto principalmente nessas situaçoes,em casa,so,tv...mas ninguem quer admitir...q passa por essas coisas...triste.
ah, o sofá.
será
que tudo
termina
lá?
homem ou mulher
prato com comida
sozinho em casa
garfo e colher e sofá
homem e mulher
pais no quarto
irmão no outro
vão no sofá
menina
só
nada pra fazer
"so", faz
o que quiser
no sofá.
um cara
com uma tara
com sua vara
quer sossego
carinho
aconchego
levanta o dedo
clica
que zica.
também termina no sofá.
A caixa mágica o matou.
paradoxalmente de tédio.
Bem, eu ouvi a estória de um cara que morreu olhando o mar.
talvez ele ainda esteja sorrindo.
o filho único também deve estar.
Au Revoir, Vitório.
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