Tuesday, January 30, 2007

coming soon

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andei pensando em lançar um livro
quem sabe assim me livro
de emprego e preocupação
imagina, meu nome em livraria
livraria minha cabeça
de preocupação
ainda mais se eu vendesse...
ah, se eu vendesse
a fórmula pra felicidade
o descanço pra o cansaço
a saída da cidade...
o molejo do safado
o calçado do chulé
30kg do prensado
pra baiana, samba e pé
ah, se eu vendesse
minh'alma pra o diabo
quiabo pra salada
amante pra safada...
pra vovó mafalda
fralda pra idoso
com incontinência urinária
e um programa de tevê...

quem vê e nota
em mim espírito empreendedor
mal sabe que em mim denota
alma de um grande perdedor







mas ainda digo
um dia lanço um livro.
quem sabe assim me livro, enfim
dessa vontade...


Vitório Vilas

Friday, January 26, 2007

garoto em frente ao espelho

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ah, ela eu não conheço
mas muito ouvi falar
sobre ela, dizem
"bela"
passa o dia na janela
esperando ele passar...

ele? ele quem?

ah, ele, qualquer um
eu, ele, tu
algum outrem

ah, então ela ainda
vive só

fala sério, tenha dó
tu jura que vive em tempos
de trova
ou treva
digo, sim, ela anda só
mas não garanto que não...

não termine, por favor
não aguentaria ouvir
tal coisa sobre meu amor

acorda, homem
ela é bela
mas quem disse que é santa
aquela cadela?
te pisaria e zombaria de ti
ao primeiro sinal de teu amor
por ela...

ah, mas ainda assim eu a quero
e espero que seja recíproco

ai ai, esse quiprocó
ainda vai dar o que falar
deixa de ser bocó
vai passear, curtir
namorar quem te queira
e quem te trate bem

ah, mas você também
fica aí botando pilha

ah, é? pois vai
quero ver... ela te humilha
e depois? ficamos aqui
nós dois
concordando, enfim
na lágrima que escorre
pelo nosso rosto...

pois prefiro morrer
de desgosto
a sofrer de dúvida

então vai

vou

vai

vamos

lá.

olá, como vai?


Vitório Vilas

a luta e o luto

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o luto sempre acaba
a luta sempre termina
o luto sempre acalma
o que a luta contamina

menina, pára de chorar
já fez-se mar
já sabe que amar
independe de vida

faz fazer falta
até pra quem não conhecia
define a pauta
do resto do resto do dia

lágrimas... lágrimas...
soluça. respira.
lágrimas... lágrimas...
banho. transpira.
lágrimas... lágrimas...
lava o rosto. escova os dentes
lágrimas... lágrimas...
"será que o mundo está doente?"
lágrimas... lágrimas...

meio-dia.
passou no jornal
sensacionalismo sensacional
passaram mal

meio-dia e meio.
viagem maldita
há quem acredita
em céu e inferno
o inferno é aqui
sobre essas quatro rodas...

uma hora em ponto.
bato meu ponto.
ponto pra você, vida
hoje a tarde eu vou esquecer...

"olá, boa tarde. tudo bem?"

é, o mundo está doente.


Vitório Vilas

"..."

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tiros pra quem te quero
mas quem te quer?
não te queria aquela mulher
no entanto, feito paixão
penetraste a carne dela
enviaste para o caixão
parou o coração
parou a vida...

vida errada, bala perdida
vida errada, alma bandida
mas bala não tem alma
bala não tem calma
bala tem pressa
pressa de parar

3 tiros
uma senhora
inúmeras lágrimas

3 tiros
nenhuma penhora
inúmeras lástimas

fica a lembrança
fica a tristeza
fica o resto do dia
sem a menor beleza

fica com deus
pra quem acredita

a vida é infinita
pra quem acredita

pra quem acredita...

eu... não.


Vitório Vilas

Wednesday, January 24, 2007

sobre as sobras até aqui

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me dê ouvidos
ou as costas
me dê sentidos
ou respostas
mas não me faça esperar...
não procuro amigos
não procuro apostas
sou risco de vida
sou a vida entreposta
nas entrelihas
das linhas tortas...
sou das portas
aos portais
dos postos
aos postais
dos velhos malucos
aos generais
só não me faça esperar...
se me quer por perto
me leve no bolso
sou moço, seu moço
mas bobo não sou
sou mais meu
do que já fui
de um grande amor
sou caco, sou dor
o mais puro torpor
o mais puto da vida
se me fizer esperar...
de lua não sou
mas prefiro a noite
pra dormir
pra trepar
pensar, sorrir
sair, trabalhar
prefiro a noite
se for pra esperar...
pelo próximo dia
que um dia virá
tenho pressa que chegue
espero, sem desespero
com pressa, mas nunca depressa
demais
sou capaz, rapaz
de curtir e amar
só não me faça, meu bem
te esperar...


Vitório Vilas

"eu conheço você".

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não quero ficar velho e louco
talvez com um pouco de sorte
a morte me leve antes
que a insanidade
causada por algumas verdades
que não consigo encarar

vi hoje, mais cedo
um certo senhor
aparência de causar medo
angústia de causar dor
ia passando e meteu o dedo
em minha cara
e me disse
"cara, eu conheço você"
pobre louco, louco pobre
atitude nobre tomou
quando viu que me assustou
pediu desculpas já de longe
e eu, paciência de monge
fingi que nada daquilo era comigo

ah, olhei apenas pra o meu umbigo
pobre louco, louco pobre
queria, talvez, apenas atenção
aparência de dar dor no coração
cheiro que enoja
e faz querer vomitar
balelas ao ar
hora é rei do mundo
hora o mundo o odeia
tudo que o rodeia
é o fundo do poço
será que, quando moço
o louco pobre, pobre louco
era assim como eu?


Vitório Vilas

pois bem, tchau................................ oi.

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como seria se eu fosse embora, hein
quem ocuparia aquele lugar à mesa
de qualquer bar ou restaurante
que você
for
quem seguraria a lágrima
quem sopraria o ardor
ah, meu amor
me diz como seria
se eu fosse embora
passariam-se anos
ou tu arrumaria outro
sem mais demora
tu invadiria a minha casa
em busca de mim
ou dos móveis, dinheiro
roupas e afins
pra quem tu dirigiria de agora
em diante
pra qualquer playboy infante
ou pra ti, só pra ti
em busca de mim
diz pra mim, meu bem
antes que eu vá embora
de carro, a pé ou trem
diz pra mim, meu bem
antes que eu me vá
dessa vez sem vontade
de voltar...


Vitório Vilas

Tuesday, January 23, 2007

se... garro. se... paro. se... eu conseguir dessa vez.

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um dia desses parei de fumar de novo. sei lá há quanto...
não sou desses que conta o tempo das coisas que deveriam ser para sempre.

talvez dessa vez eu consiga
de repente, mais uma vez apenas tente
quem sabe... talvez
o futuro nos mostra tanto
tão sem nitidez

mas é que coube em mim
uma vontade imensa de mudar
de mandar um pouco mais
em quem me vive o dia-a-dia

e o tosse-tosse já andava mesmo
um pé no saco...

o caso é que meu caso
com o cigarro
deu um tempo assim, pra sempre
espero... nunca mais fumar
um cigarrinho
durante
minhas
esperas...


Vitório Vilas

sobre meninos, meninas e seres que lêem e bebem café

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leio os alheios
alheio ao que leio
leio, releio
e novamente de novo
leio também
procuro coisa onde
na verdade nada tem
procuro sentido
e fico sentido
se sinto o que sentem
os alheios que leio

pensei um dia desses
num dia desses nada demais
que qualquer um é capaz
de escrever tal mensagem
que signifique tanto
pra mim quanto pra si
ou pra alheios...
necessário é
apenas
fazê-lo com amor

e um bom portuga, é fato

no mais, fico aqui
no meu café
e um prato com queijo
assim, tipo desejo
de fim de férias
pinto misérias
em minha noite
um açoite a minha paz
porém, assaz necessária
para que amanhã
chegue...


suco de maracujá
passa pra cama, garoto
é pra já.


Vitório Vilas

Friday, January 12, 2007

ainda existe

um dia desses tentei compor uma música. ontem consegui.
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às vezes não dá pr'aguentar
com os pés descalços
com os pés no chão
às vezes é tão proibído
é tão sem sentido
ouvir a razão
e quando você se surpreende
com tudo de novo
de novo nada mudou
sente não tão já de repente
nas mãos um estorvo
que nunca pesou

é quando você sente medo
e procura uma mão
mas não há nem um dedo
pr'apontar a direção
é quando você quase esquece
mas já sempre a tempo
vê, tudo mudou
você ainda existe
aqui...

é quando já vai sem saída
já não há mais medidas
de cura ou de prevenção
a fala já sai tão perdida
já não mais acredita
vir do coração


Vitório Vilas

Thursday, January 11, 2007

abra-se

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janela aberta é muriçoca na certa
porta aberta me dá medo de ladrão
peito aberto me dá frio na barriga
é o medo do incerto viver tão aberto...

mão aberta vez por outra é prejú
olhos abertos, quase sempre déjà vu
mente aberta é sapiência de sobra
boca aberta, eu gosto de tu

geladeira aberta é gasto
carteira aberta se tem lastro
tudo que tá aberto um dia fecha
todo vento precisa de um mastro
se a vela estiver aberta
bem aberta...

então aperta o cinto
fecha a porta
e abaixe o vidro da janela
encare o vento
de cara aberta...


Vitório Vilas

Monday, January 08, 2007

foda-se

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infarto, infanticídio
fanta uva, falta indício
falta tempo
farta nada, falta tudo
fático, fatídico
fatalidade
fonemas e telefonemas
há penas
apenas cenas
de um dia-a-dia
farto
estou farto de você...
que é ninguém
mas algo
tão factual


Vitório Vilas